sexta-feira, 24 de julho de 2009

Gabriella – The Dark Thought parte5

Gabriella e Ricardo passaram a tarde toda no apartamento. Quando ele estava indo tomar banho, já que iriam a um show dali algumas horas, Gabriella entrou no chuveiro primeiro.

– Hei! Eu que ia tomar banho!

– Nada te impede.

–Ah não! Só você ai!

– Eu disse nada, certo?! Agora vem aqui ou eu vou ai, quero fazer isso sóbria.

O show era em um barzinho, daqueles mais alternativos. Chegando lá Gabriella e Ricardo se separaram, mas ela tentou não o perder de vista.

Algumas horas e algumas bandas depois Gabriella já havia ficado om algumas pessoas e Ricardo provavelmente também, mas ela não vira nada já que a tequila o tirou de seus pensamentos e da sua visão. O lugar estava lotado e ela tentava chegar ao bar mas tropeçou e quando estava se recompondo viu perto do bar Ricardo beijando uma garota, alias, beijar era pouco para nomear o que faziam. Ficou irada. Todo o papo de sem compromisso e até o conhecimento de que não gostava dele como ele gostava dela desapareceram. Conseguiu chegar até onde ele estava e ficou esperando aquele ‘beijo’ acabar. Demorou. Ela cutucou Ricardo no ombro, ele continuou beijando a garota, contudo abriu os olhos, e quando viu Gabriella seus olhos se tornaram verdadeiros pontos de interrogação. Ela fez sinal para que ele a seguisse e foi até uma área aberta do bar.

– Porra Ricardo! Que que você tava fazendo?!

– Como assim o que que eu tava fazendo?

– Com aquela vaca!

– Eu tava beijando aquela vaca caramba!

– Não tinha uma pior não?!

As exclamações evoluíram para gritos.

– Gabriella! Eu não to entendento o porque de tudo isso, todo esse stress.

– Pô a gente tava junto hoje mesmo!

– E dai?! Todo o papo de sem compromisso? Você é doida é?! Você ficou com outros garotos, por que eu não posso pegar umas?!

– Que merda eu vou embora!

– Ei! Peraí!

Gabriella, enquanto saia, chutou algumas cadeiras e empurrou algumas pessoas que estavam em seu caminho. Ricardo não foi atrás dela, esses acessos eram muitos comuns vindo de quem vinha, ele sabia que ela iria para casa e, cedo ou tarde, ligaria se o orgulho permitisse, caso contrario ele não se importaria em ligar. Ele pareceu hipnotizado por um instante, o que exatamente se passava por detrás daqueles olhos é impossível de saber, mas um sorriso chegou a sua boca e levou-a de orelha a orelha.

Como esperado Gabriella ligou para Ricardo, mas com palavras que ele não contava com.

-- Alô?

-- Oi Ri, tudo bem?

-- Tudo e você?

-- mais ou menos, né? Sabe, desde aquele dia...

-- Desde o seu escândalo..

-- Olha, eu não queria fazer aquilo, eu me descontrolei, não deu pra segurar. – silêncio apenas – Ri? Você ta ai?

-- To.

-- Achei que tinha desligado, sei lá.

-- Não, eu tava escutando cuidadosamente pra ver se você ia falar o que você deve.

-- Falar? O quê?

-- Me pedir desculpas.

-- Ah. É... você não devia... você me provocou também, né?!

-- Eu não, de jeito nenhum.

-- Ta. Desculpa, ok? – proferiu as palavras bem rápido – Agora, eu não quero continuar nisso.

-- No quê?

-- Nessa casualidade toda.

-- E o que você quer fazer?

-- Voltar a ser só amigos.

-- O quê?

-- É, só amigos. Porque senão toda vez que a gente sair as chances de eu não me divertir e não deixar você se divertir são muito grandes. Eu não quero isso, você quer?

-- É que...

-- O quê?

-- Nada, esquece.

-- Mas tudo bem pra você, né?!

-- É, tudo sim. Era só isso?

-- Era sim.

-- Então tchau.

-- Tchau Ri, beijo. Ah, tem uma festa hoje, vou mandar o endereço pro seu celular, ta? Você passa aqui?

-- Ta, passo sim. Beijo.

Gabriella se sentiu triste, pensou que ele lutaria mais, ele não devia gostar tanto dela quanto os outros diziam.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Gabriella

 

Seus pais já tinham dado permissão para usar o carro e ela estava terminando sua maquiagem leve quando a menina do MSN ligou e avisou que em mais ou menos vinte minutos eles iriam para uma sanduicheria que ela não conhecia, então pediu que esperassem um pouco que dali alguns minutos iria encontrar-se com eles.

Chegando à sanduicheria ela cumprimentou o pessoal e se sentou onde tinha um lugar. Começou a conversar e contar meias verdades quando o garçom veio perguntar o que iria querer, ela olhou rapidamente no cardápio e pediu, para comer, o que parecia menor e, para beber, uma garrafinha de Smirnoff, os que ouviram seu pedido olharam-na como se tivesse pedido uma garrafa com sangue de criancinha inocente, ela fingiu não perceber, alguém mais ousado arriscou uma “mas você não está dirigindo?”

– Desde quando uma garrafinha de Smirnoff afeta alguém?

Ninguém teve coragem de contrapor-se, o silencio então reinou. Passado o choque alguém comentou: “afeta fulano, lembra quando a gente foi pra praia...” e a frase se perdeu no meio da bagunça que destronou o silêncio.

O papo era totalmente entediante para Gabriella, os minutos se arrastaram até todos decidirem ir embora. Pagou sua conta, disse tchau e foi. Quando olhou para trás para observar aquele grupo peculiar (para não dizer nada pior), percebeu que todos, todos olhavam em sua direção e conversavam com as cabeças juntas e baixo, muito diferente do estardalhaço habitual.

Maravilha! Agora sou o assunto do mês, se bem que eu gosto! HA. Como sempre eles falarão e julgarão a vida alheia.

Tentou não se importar e foi para casa. Colocou o carro na garagem e foi se trocar, já que para ir a sanduicheria, ela usara uma roupa considerada adequada por seus pais, mas agora ia sair e precisa arrasar, com roupas de verdade. Então vestiu uma que ela considerou adequada e fez uma maquiagem de verdade. Quando seus pais viram-na já perguntaram onde ia a aquela hora.

– Meeu, é sábado! O Ricardo vem aqui me buscr pra gente sair.

E logo em seguida seus pais começaram os mesmos sermões: o perigo da koto, mesmo que Ricardo dirigisse bem; como era errado ficar iludindo o menino daquele jeito; que ela tinha que parar de beber antes que acontecesse alguma coisa; arranjar menos confusão; blábláblá. Gabriella já tinha ouvido tudo aquilo várias e várias vezes, então nem tentava mais faze-los parar, só fingia prestar atenção. Ouviu a buzina da moto, falou tchau para seus pais e disse que dormiria alguns dias no apartamento de Ricardo, só para que eles não chamassem a policia como já haviam feito algumas vezes antes.

Levava uma malinha, bem pequena mesmo, já que tinha coisas no quarto que ‘era seu’ no apartamento de Ricardo, que morava sozinho. As poucas horas que realmente dormira lá, na metade delas pelo menos, acordara com Ricardo deitado ao seu lado, mas não sabia o que isso realmente queria dizer.

Quando fechou o portão e se virou, deu de cara com o ponto de interrogação que era a expressão de Ricardo.

– Ué, pra que essa mala?!

– Vou dormir no seu ap, lembra? – e piscou para ele, ele sorriu.

– Vamos deixar lá, ta? Agora.

Aproveitaram e esquentaram no apartamento.

– Hum...Ri?

– Oiê.

–Por que às vezes quando eu fico aqui eu acordo com você do meu lado? – um pouco de álcool sempre punha sua timidez para dormir. Ele corou.

–ah, é porque, hum, acho que é porque depois que te ponho na cama não consigo chegar na minha...- e sorriu amarelo.

– A gente nunca...? – ele a cortou antes que ela pudesse completar a frase:

– Não não – Ele abaixou o rosto e encarou os pés, mas a expressão que Gabriella viu de relance bem que poderia ser decepção, isso inflou seu ego.

– Ah... Vamos?

– Vamos.

O clima ficou um pouco estranho, mas depois que chegaram na festa foi melhorando. Gabriella não queria estragar a “amizade” com Ricardo, mas com seu ego super-inflado e a bebida começou a provocá-lo e não parou mais. Tinha acabado de beijar uma garota enquanto Ricardo olhava não muito longe. Ele também já se encontrava num estado bem longe de santo, e Gabriella começou a encará-lo, provocava. Ele devia não estar se agüentando mais porque caminhou até ela, a puxou e beijou-a, depois de horas que estavam na festa foram realmente passar o resto da madrugada no apartamento de Ricardo.

Gabriella não lembrou muito da madrugada na tarde seguinte quando acordou, mas não conseguia e nem queria esquecer o beijo totalmente apaixonado de Ricardo. Virou-se com o braço dele ainda em volta da sua cintura e encarou aqueles olhos agora fechados e beijou-o.

– Ei, acorda – disse suavemente e passou a mão por seus cabelos.

Como estavam de ressaca, cada um pegou uma xícara de café velho e sentaram no sofá.

– E agora?

– TV, depois a gente sai pra almoçar.

– Me refiro a gente. Namorando? – e fez uma careta, como se a idéia fosse ruim, mas nem tanto.

– O que você quiser... – disse ele totalmente indiferente.

– Eu quero saber é o que você quer Ri.

– Pode ser.

– Assim não dá certo! Fala! Namoro, não-namoro, mais ou menos, uma vez e nunca mais?!?

Ele a olhou nos olhos pela primeira vez naquele dia, eles estavam vermelhos e borrados com a maquiagem do dia anterior.

– Olha, você e o mundo sabem que eu gosto muito de você.

– É – ela desviou o olhar como raramente fazia, Ricardo segurou nas mãos dela e manteve o olhar.

– E todos sabemos também que você é uma pessoa que ninguém, ninguém mesmo pode controlar, você nasceu pra ser livre, eu poderia até tentar te segurar ou te seguir, mas isso pode estragar o que a gente tem. Deixa ir, sem compromisso, ta?!

– Ta bom, mas se você mudar de idéia...

– Você vai ficar sabendo, prometo.

– Fico feliz.

Ele a beijou, dessa vez com ternura. Ela se aninhou em seu colo, ele colocou o a TV quase no mudo e ficaram assim por um bom tempo.

 

sofa

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Gabriella (The Dark Thought) – Parte 3

Depois de muitas horas de sono, com a energia no máximo, sem olheiras, a pele perfeita, sem vestígio das maquiagens pesadas e morrendo de fome, Gabriella acordou. Ela enrolou um pouco na cama e quando seu estomago reclamou alto demais ela levantou e foi até a cozinha. Já tinha passado das duas da tarde, mas a mesa do café ainda estava lá. Depois de ver aquela mesa com tudo o que gostava percebeu que estava com um ótimo humor.

Seus pais estavam na sala vendo tv e conversando, mas quando perceberam que Gabriella havia acordado, ficaram quietos. A tensão na sala era palpável enquanto na cozinha os raios de sol que invadiam pareciam refletir o humor de Gabriella.

Quando entrou na sala com seu pão torrado e sua xícara de café, por um momento seus pais prenderam a respiração, mas quando notaram o sorriso, de orelha a orelha, suspiraram aliviados. A mãe levantou-se e se ofereceu para fazer um prato, afinal já passara do almoço e fazia um bom tempo que Gabriella, ou Gabi, só para a mãe, não tinha uma refeição decente.

– Não mãe, não precisa. Eu to feliz só com isso. Quem sabe mais tarde?? – emendou para que não houvesse discussão. Sentou-se na sua poltrona e fingiu prestar atenção no programa que passava.

Depois de algum tempo foi no computador checar seus e-mails e mensagens. Respondeu a todos alegremente. Quando ia saindo, uma janela se abriu e piscou, era do MSN, quando viu o nome não reconheceu, mas pela foto identificou uma suposta amiga, da igreja que seus pais freqüentavam.

*Oie Gabi!!

*td bm?

*td e vc?

*tbm!

*nossa, fazia tempo q não te via on!

é que eu to meio – “meio o que?” Parou de digitar e pensou. Apagou e reescreveu:

*é que eu não ligo muito o pc

*aah, vc vai hj??

*hoje? onde? “Mais uma festa que eu não fui convidada, que novidade. Também quanto tempo que eu não apareço lá? Deve ser mais de um ano.”

*hum...no culto de jovens

*vai ser super bacana

*ah não sei não

*vamos! a gnt vai sair depois

*pra onde?

*não sei

*a gente decide na hora - “emocionante”

*ta, me liga quando vcs decidirem

*ta, vai ser super legal

*ok tiau

*xau, bjus

Gabriella até pensou em ir ao culto, mas todo mundo ia peruntar por onde ela tinha andado e fazer aquelas piadinhas estúpidas de bitolados, ia ser demais para ela, sem contar o pastor que ia fazer o sermão, se ainda fosse o mesmo..., mas até estava considerando em aparecer depois para sair. Podia muito bem pedir o carro para seus pais, se dissesse que ia sair com o pessoal da igreja não iriam recusar.

Estava se arrumando quando seu celular começou a tocar, correu para atender, até achou que era a garota do MSN, mas o identificador de chamadas mostrava que era outra pessoa, seu companheiro de bagunça, de farra, de balada, aquele que sempre a levava para casa, Ricardo. Ele era apaixonado por Gabriella, mas ela só queria a amizade dele e a vantagem que trazia: festas, bebidas, encrencas e caronas. Adorava a companhia dele, mas nada além disso a interessava, as vezes brigavam, mas ele, mesmo estando certo, sempre vinha pedir desculpas e fazia algo para agrada-la, que depois de alguma insistência e atenção o recebia, feliz.

Ricardo chamou-a para uma festa perto da casa dele que ia começar lá pela uma da manhã e ia até o almoço se ainda existissem sobreviventes. Combinaram então que ele passaria na casa dela lá pela meia-noite com sua moto para apanhar Gabriella.

Ela já tinha tudo em mente: ia sair com o pessoal da igreja para “causar um pouco”, ou como eles diziam: escandaliza-los, voltaria para casa, colocaria o carro onde achara e iria esperar Ricardo, como amava a sensação de estar numa moto em alta velocidade!

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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Gabriella (The Dark Thought) – Parte 2

Depois de três dias bebendo, dormindo pouco e fora de casa, ficando com vários garotos e arranjando algumas brigas, ela voltou para casa. Quando abriu a porta deu de cara com seus pais (mas hoje não é terça? Ou será quarta?) e o pastor da igreja (whathefuck?) com uma xícara de café na mão. Começou a gargalhar, levantou seus óculos de sol que sempre usava por causa da sua sensibilidade a luz, e claro por casa da ressaca, e todos ali viram suas olheiras, três dias significam três noites (ou seriam quatro?). Ainda gargalhando, como se tivesse ouvido uma piada realmente boa, Gabriella entrou na sala e fechou a porta enquanto o pastor se levantava.

– Estamos te esperando a algumas horas Gabi. Por que você não se senta?

– Um: Gabriella. Dois: minha casa, eu dou as opções à você aqui.

– Gabriella – disse sua mãe alarmada

– Shii! To com dor de cabeça, não grita. – E saiu da sala.

– Aonde você vai?

– Acho que você olhou pra minha cara. Banho!

Ficou o que lhe pareceu horas no chuveiro, debaixo daquela água quase gelada até que sua mãe bateu na porta para apressar-lhe. Saiu e colocou uma baby look que expunha a tatuagem do osso da bacia e shortinho, mesmo o clima não exigindo. Foi até a sala e viu que o pastor ainda estava ali.

– Hum, Gabriella, precisamos conversar.

– Ah é?! Não acho que você costuma falar sobre o que eu falo.

– Também acho. Mas hoje vamos falar sobre um assunto meu...

– Eu mencionei que o inverso também me parece remoto?

– Pare com isso! Isso não é você!

– É Gabi – apoiou sua mãe, a única que podia chamá-la assim.

– Sabia que eu nunca me senti tão eu quanto ultimamente?! E se vocês não me conhecem, tenham o prazer...

– Gabriella, você sabe que bebidas e garotos não vão preencher esse  vazio que você sente. Volta pra igreja, lá você tem amigos-

– HAHA. Bela piada padre. Amigos? Você se refere a aqueles idiotas que fingem se satisfazer com as ‘coisas de Deus’? Aqueles falsos, hipócritas? Ah, você não sabe, né?! Já que você não os conhece e nem se dá ao trabalho de, já que eles só servem pra dançar, pra animar a velharada da igreja com suas dancinhas como se fossem animaizinhos adestrados, certo? E daqui a pouco você vai me dizer que ‘Deus vai preencher meu vazio’, você deveria saber que ele não conseguiu. E by the way, pode ser garotas também, eu não tenho preconceito.

Pobre pastor, pego por meias e completas verdades quando estava totalmente desprevenido. Sua mãe chorava e seu pai mexia a boca sem fazer barulho, devia estar orando.

–Ta bom, eu não posso ajudar quem não quer, mas nunca se esqueça: Deus te ama, independente do que você faça! Me desculpem – disse direcionando-se aos pais – mas eu não posso fazer nada. – e de novo para Gabriella: vou orar por você.

–Não precisa, eu já tenho meu acordo com Ele – apontando para o teto, e acenou para o pastor que já estava parado em frente a porta aberta. Ele fez sinal aos pais para que saíssem também e Gabriella ainda pôde ouvir enquanto a porta era fechada: “Talvez um psicólogo seria...”, apenas ignorou e foi para sua cama, para a doce escuridão do seu quarto, olhou para cima e resmungou algo parecido com “seu sacana”, caiu na cama e compensou as três (ou quatro) noites.

Sem título 1

Sem título 1

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Gabriella (The Dark Thought) – Parte 1

Aos poucos os que estavam ao seu redor foram percebendo alguma mudança. E aos poucos Gabriella já não se agüentava mais. Não sabia o que estava acontecendo com ela, tudo o que sentia, irritação, tédio, a necessidade de usar o sarcasmo, suas compulsões passageiras, estavam se tornando mais fortes, mais incontroláveis. Viu-se gritando com pessoas que supostamente amava por motivos que, depois, lhe pareciam bobos. Mostrou-se uma pessoa ácida e irritada. Num dia amava, noutro, odiava. Passava da euforia para a depressão em questão de minutos, e nada, nada do que fazia conseguia preencher aquele vazio por mais de uma hora.

Não via mais graça em ir para lugares e encontrar pessoas que antes a agradava. Nada parecia ter muito sentido afinal de contas. Qual era a graça de ir à praia, da areia, de nadar, de sair e ficar de blábláblá, de ficar sob o sol? Achou por algum tempo que estava ficando velha, rabugenta, mas nunca previra que poderia ser bem pior.

Um ou dois amigos foram falar com ela a respeito de sua “decisão radical”, primeiro ficou feliz com atenção proporcionada, mas quando insistiram que estava errada explodiu, gritou e virou algumas mesas. Como eles, que apenas fingiam que a conheciam e que eram amigos de verdade, achavam que podiam decidir o que era certo e errado para ela? Certo e errado não existiam na opinião de Gabriella, apenas o que é bom ou ruim para aquele momento. Eles eram inconvenientes. Outra suposta amiga com mania de psicóloga veio dizer lhe que todo o seu sarcasmo, sua ironia e sua crueldade era, na verdade uma armadura, um modo de se defender da aproximação das pessoas. Gabriella olhou-a bem nos olhos e disse calmamente:

– Então talvez eu mude meu nome para Shrek, que que você acha?!” – virou as costas e saiu andando.

Ser assim só a incomodava quando ela estava sozinha. Essas supostas amizades pouco significavam, ou pelo menos era nisso que ela queria acreditar. O relacionamento com seus pais piorava a cada dia, porque a eles Gabriella não podia simplesmente ignorar ou dar suas respostinhas cruéis e cheias de veneno.

Parecia que quando ficava sozinha, durante algum tempo a sanidade chegava à sua mente, dizia-lhe que alguma coisa estava muito errada e que ela precisava de um psicólogo, então a sanidade ia embora, porém a idéia do psicólogo parecia ficar martelando.

Sempre que começava uma atividade, mesmo que gostasse, ficava entediada rapidamente, só continuava porque sabia que se parasse tudo que a deixasse entediada, logo não teria mais nada para fazer.

Começou a beber e com a bebida tudo o que achava sem sentido parecia ficar um pouco mais engraçado, divertido, sua única amiga verdadeira não só não a fazia chorar ou gritar como também não deixava aquele sorriso escapar-lhe dos lábios.

Após algum tempo saindo de noite e voltando alegre para casa (nunca entendera por que isso era ruim), seus pais colocaram-na frente a eles e disseram que queriam conversar. Começaram um interrogatório, perguntaram porque ela estava bebendo, por que ignorava seus antigos amigos (se referiam aos babacas) e porque sempre arranjava uma desculpa, ou uma festa, para não ter que ir à igreja. Eram muitos porquês. Antes que Gabriella pudesse dizer qualquer coisa, a ameaçaram de cortar sua mesada e colocar horários, como toque de recolher, coisa que nunca tivera. Ela se irritou, levantou-se e começou a gritar sobre liberdade e saber o que era melhor para ela, empurrou a cadeira que antes estava sentada fazendo-a cair, chutou o sofá, pegou sua bolsa, colocou algumas coisas dentro e saiu, ainda gritando.

Enquanto estava fora, seus pais procuraram ajuda. Qualquer outro casal, digo qualquer outro casal normal procuraria ajuda profissional, um psicólogo ou algo do tipo, mas esse casal procurou o pastor da igreja, e qual foi a brilhante idéia dele? Orar por Gabriella. Que diferença faria! Marcaram então um horário para o pastor visita-los dali a alguns dias, quando as chances de Gabriella ter voltado para casa eram maiores.

girl-dancing

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

The Dark Thought

Tudo o que vinha acontecendo a levara a desistir de tudo, menos dela mesma, dava-se muito valor e tinha muitos sonhos a realizar para que desistisse, iria sim lutar, mas por ela mesma. “Cada um por si e Deus por todos”, já não acreditava na segunda parte, Deus parecia estar mais para Ele mesmo, e ela, agora, por ela mesma.

Deus... Esse sim era mais egocêntrico e egoísta que ela. A ela só faltou fazer bonequinhos de barro e mandar que estes a adorassem. Cometera o mesmo pecado de Lúcifer, e quando esse pensamento lhe ocorreu, um sorriso malicioso passou furtivamente pelos seus lábios. Não ligava, não mais, já não se deixava levar pela culpa, se é que algum dia houvera culpa. Ficava ali por costume.

Anestesiou-se da vida, já não a sentia, apenas passava. Ouvia e não absorvia nem interessava, olhava por olhar. Tentava não esperar nada das pessoas, assim não se decepcionaria. Não ligava mais para o que lhe diziam, ouvia e jogava fora, a sim: entrava por um ouvido e saia pelo outro. Aprendera a digerir tudo muito rápido, coisa ou outra demoravam mais, ma s acabavam por ir.

Cansara-se de preocupar-se com os outros e não ver o retorno de seu trabalho, papai lhe falara que isso era impossível, mas acontecia em frente aos seus olhos. Ela precisava de alguém: ela mesma, antiga conclusão, não que esta fizesse diferença.

Cansara de ouvir mas não ver acontecer. Mentiam, não seria a primeira vez, certo?! Alguém lhe confessara que também não acontecia mais. Na época ainda achava estar errada, hoje não. Ela sabe ter tomado a decisão certa para esse momento da sua vida.

Sabia o caminho que queria trilhar e não deixaria que nada a impedisse. Largou o papel, matou o passado, livrou-se do corpo e seguiu em frente.

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Melinda – não terminado

Bem, eu comecei esse texto depois de um sonho, mas sonhos foram feitos para que esquecesse deles depois de abrir os olhos, a unica coisa que eu lembro era que o sonho ea de uma maldade interresantíssima, porém me concentrei tanto no começo do sonho que acabei por esquecer o meio e o final, pois é, decepcionante. Se alguém quiser fazer uma continuação fique a vontade, assim como correções!

Ah sim, eu escrevi duas versões, nenhum realmente me agradou.

Versão 1:

Melinda recusava-se a ir embora e ao contrário de sua reação habitual não fez nenhuma birra, não ameaçou a si mesma e nem a ninguém próximo a ela ou ao seus pais, a promessa dessa vez seria apenas voltar pior, porém era uma promessa silenciosa, revelada somente a mim, e sim, ela acreditava que era possível piorar. Apenas me deu um beijo rápido e seco e me mandou ir embora sem me olhar. “Vá”, foi apenas o que me disse com seu típico tom de quem manda, e eu, acostumado a obedecer, fiquei parado para variar. “Vamos, saia do caminho para que elas possam entrar”, esse era o tom ‘eu quero agora’, olhei para trás e vi uma fila de meninas, coitadas, que tentavam parecer-se com Melinda, ela era linda, maravilhosa, mas também era a maldade em forma humana, pobre das pessoas que se deixavam enganar pela sua aparência de boneca: seu cabelo em um tom entre castanho claro e cinza escuro na altura dos ombros, cuidadosamente enrolado nas pontas por uma de suas varias empregadas, seu rosto pálido contrastando com o rouge e o batom vermelhos e o verde dos olhos, naturalmente penetrantes realçados com um forte contorno preto, seu vestido de mangas fofas e suas luvas brancas que se encontravam, o rodado na altura do joelho, meias brancas com sapatinhos de boneca, uma bolsa da cor do vestido e claro, um chapéu para os dias em que o sol poderia incomodar. Quem olhasse veria uma menina, eu via uma mulher que despertava o pior de mim e eu, o melhor dela.
Eu? Apenas mais uma de suas vontades fora do comum.

Versão 2:

Ela apenas disse “vá” com seu típico tom mandão sem me olhar nos olhos, e eu que nunca fui de obedecer, ao contrario de todas as pessoas ao redor dela, fiquei parado, “vamos, saia do caminho para que as meninas entrem e se acomodem” esse era o tom “quero agora!”, e ela virou-se de costas para mim, peguei no seu braço e a virei para mim, beijei a como fazia quando estávamos sós, ela interrompeu o beijo e sussurrou em meu ouvido “não faça parecer um adeus, você sabe que eu vou voltar”, suas palavras eram sempre frias e diretas, jogos? só na cama. Melinda parecia inabalável, nunca demonstrara qualquer sinal de que tivera um coração. Parecia uma menina com seu cabelo em um tom entre castanho claro e cinza escuro na altura dos ombros, cuidadosamente enrolado nas pontas por uma de suas varias empregadas, seu rosto pálido contrastando com o rouge e o batom vermelhos, seu vestido de mangas fofas e suas luvas brancas que as encontravam, rodado na altura do joelho, meias brancas com sapatinhos de boneca, uma bolsa da cor do vestido e claro, um chapéu para os dias em que o sol poderia incomodar, mas poucos conheciam a mulher e a mente por trás de tanto pano e maquiagem, eu conhecia a ambos. Melinda era a maldade, a suprema maldade acostumada a ser obedecida, tinha vários empregados que trabalhavam escravamente dia e noite para atendê-la, tinha centenas de ‘amigos’, afinal quem não conhecia Melinda________? E claro sua gangue, não que essas lindas moças ao redor de Melinda usassem armas ou ameaças, a única que ameaçava era Melinda que acabava com vidas usando apenas gestos, essas ‘damas’ pareciam ter saído do armário onde as roupas de Melinda eram guardadas

Melinda e suas bonequinhas de porcelana, ela era a líder, somente ela pensava, somente ela mandava e ninguém, por mais maldade que seus pedidos exigissem, recusava-se ou tentava sair do grupo, alias todas queriam entrar no grupo, facilitava muito a vida, porém havia um simples processo seletivo executado por Melinda, e somente por ela, somente ela sabia como escolher uma menina e o porque, convenhamos, ela não admitia a si mesma, era doloroso, talvez não para uma pessoa normal, mas para Melinda sim. Depois de uma noite e tanto, diga-se de passagem, eu arranquei dela como as pobres garotas eram eleitas, e vi que era mais simples do eu imaginava: a garota deveria primeiro chamar a atenção de Melinda pela sua beleza, na maioria das vezes não pelo conjunto, mas por uma parte do corpo …