Depois de muitas horas de sono, com a energia no máximo, sem olheiras, a pele perfeita, sem vestígio das maquiagens pesadas e morrendo de fome, Gabriella acordou. Ela enrolou um pouco na cama e quando seu estomago reclamou alto demais ela levantou e foi até a cozinha. Já tinha passado das duas da tarde, mas a mesa do café ainda estava lá. Depois de ver aquela mesa com tudo o que gostava percebeu que estava com um ótimo humor.
Seus pais estavam na sala vendo tv e conversando, mas quando perceberam que Gabriella havia acordado, ficaram quietos. A tensão na sala era palpável enquanto na cozinha os raios de sol que invadiam pareciam refletir o humor de Gabriella.
Quando entrou na sala com seu pão torrado e sua xícara de café, por um momento seus pais prenderam a respiração, mas quando notaram o sorriso, de orelha a orelha, suspiraram aliviados. A mãe levantou-se e se ofereceu para fazer um prato, afinal já passara do almoço e fazia um bom tempo que Gabriella, ou Gabi, só para a mãe, não tinha uma refeição decente.
– Não mãe, não precisa. Eu to feliz só com isso. Quem sabe mais tarde?? – emendou para que não houvesse discussão. Sentou-se na sua poltrona e fingiu prestar atenção no programa que passava.
Depois de algum tempo foi no computador checar seus e-mails e mensagens. Respondeu a todos alegremente. Quando ia saindo, uma janela se abriu e piscou, era do MSN, quando viu o nome não reconheceu, mas pela foto identificou uma suposta amiga, da igreja que seus pais freqüentavam.
*Oie Gabi!!
*td bm?
*td e vc?
*tbm!
*nossa, fazia tempo q não te via on!
é que eu to meio – “meio o que?” Parou de digitar e pensou. Apagou e reescreveu:
*é que eu não ligo muito o pc
*aah, vc vai hj??
*hoje? onde? “Mais uma festa que eu não fui convidada, que novidade. Também quanto tempo que eu não apareço lá? Deve ser mais de um ano.”
*hum...no culto de jovens
*vai ser super bacana
*ah não sei não
*vamos! a gnt vai sair depois
*pra onde?
*não sei
*a gente decide na hora - “emocionante”
*ta, me liga quando vcs decidirem
*ta, vai ser super legal
*ok tiau
*xau, bjus
Gabriella até pensou em ir ao culto, mas todo mundo ia peruntar por onde ela tinha andado e fazer aquelas piadinhas estúpidas de bitolados, ia ser demais para ela, sem contar o pastor que ia fazer o sermão, se ainda fosse o mesmo..., mas até estava considerando em aparecer depois para sair. Podia muito bem pedir o carro para seus pais, se dissesse que ia sair com o pessoal da igreja não iriam recusar.
Estava se arrumando quando seu celular começou a tocar, correu para atender, até achou que era a garota do MSN, mas o identificador de chamadas mostrava que era outra pessoa, seu companheiro de bagunça, de farra, de balada, aquele que sempre a levava para casa, Ricardo. Ele era apaixonado por Gabriella, mas ela só queria a amizade dele e a vantagem que trazia: festas, bebidas, encrencas e caronas. Adorava a companhia dele, mas nada além disso a interessava, as vezes brigavam, mas ele, mesmo estando certo, sempre vinha pedir desculpas e fazia algo para agrada-la, que depois de alguma insistência e atenção o recebia, feliz.
Ricardo chamou-a para uma festa perto da casa dele que ia começar lá pela uma da manhã e ia até o almoço se ainda existissem sobreviventes. Combinaram então que ele passaria na casa dela lá pela meia-noite com sua moto para apanhar Gabriella.
Ela já tinha tudo em mente: ia sair com o pessoal da igreja para “causar um pouco”, ou como eles diziam: escandaliza-los, voltaria para casa, colocaria o carro onde achara e iria esperar Ricardo, como amava a sensação de estar numa moto em alta velocidade!
Essa Gabi (sim, eu posso chamá-la assim) está se revelando é uma danadinha, isso sim! rs
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